Se fossemos escrever, no espírito de Mao Tsé Tung, uma Análise das Classes na Sociedade Mexicana, primeiramente teríamos de levar em consideração os seguintes fatos e aspectos concernentes a estrutura das classes no México:
(a) A classe dominante, formada, em sua base de expansão, por carteis de narcotráfico internacionais apropriadamente inseridos nos aparelhos administrativo-legais do Estado burguês, possui fundamentalmente um componente esotérico, oriundo do envolvimento destes mesmos carteis com organizações secretas e com ritos ocultistas;
(b) A contradição imediata e a tensão fundamental provocada por esta classe diz respeito às populações rurais-camponesas, que possuem uma natureza essencialmente indígena e, portanto, telúrico-identitária.
Nestes termos, existe um evidente antagonismo de classes que se desenha a partir de circunstâncias bem específicas. Há duas classes com propriedades econômicas antipódicas, cuja contradição se radicaliza até o nível do conflito armado: uma que age sob os auspícios do Estado mexicano (o conceito de Narco-Estado e de narcopolítica) e que, embora originada no México, atua em várias partes do mundo (nomadismo parasitário); outra que, embora enraizada no solo mexicano e nos espaços mesoamericanos tradicionais (sedentarismo produtor), é negligenciada pelo Estado nacional e reprimida brutalmente pelo mesmo: em associação com grupos paramilitares ligados ao crime organizado ou através de projetos expansionistas de urbanização e de espoliação compulsória de propriedades coletivas e tradicionais: luta de classes a todo vapor! Só que revestida de elementos étnicos-tribais, étnico-raciais, e, consequentemente, supra-materiais e supra-econômicos: eis aí uma complexidade dialéctica que facilmente passa desapercebida pelo crivo analítico marxista, mas que é de suma importância para a compreensão correta da dinâmica das classes na sociedade mexicana.
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