Foi uma organização esotérica chinesa que, nos anos finais da Dinastia Qing, iniciou, desde a província de Shandong, uma revolta popular, proto-nacionalista e filo-revolucionária, de forte teor antiimperialista e antiocidental, conhecida popularmente como Revolta dos Boxers ou Movimento Yijetuan. Preconizou, nesse sentido, as duas ondas revolucionárias (kuomintangiana e maoista) que perpassaram a China pós-dinástica.
O título "Boxers" é historiograficamente estrangeiro, tendo sido possivelmente cunhado por missionários americanos como uma alusão aos componentes atléticos e marciais que caracterizavam os guerrilheiros -- aderentes do estilo de boxe Suai Jiao. Eles sustentavam que a iniciação ritual, as práticas ascéticas, os exercícios físicos e as possessões espirituais os tornariam aptos para "purificar a China das ingerências estrangeiras" (num claro paralelo com as pretensões da Revolução Cultural maoista).
A esfera religiosa foi a fonte inicial de atuação dos guerrilheiros, que incendiaram igrejas e perseguiram missionários americanos, europeus e chineses. Deve-se esclarecer, no entanto, que o "anticristianismo" dos rebeldes não pode ser identificado com o anticristianismo racionalista, oriundo da cosmovisão iluminista. Os guerrilheiros, munidos de um manancial identitário, não se opunham ao cristianismo enquanto tradição espiritual, mas enquanto projeção política das potências ocidentais e enquanto estratégia de dominação a partir de valores alienígenas. Vejamos, por exemplo, o ataque contra a comunidade cristã em Liyuantun Village, local onde uma paróquia católica havia sido construída sobre um templo do Imperador de Jade (uma das três derivações do Tao na religião taoista), em parte graças ao Tratado de Tientsin e a Convenção de Pequim, que, entre outras coisas, possibilitavam a compra de propriedade de terra por missionários não-chineses.
Após alguns ataques a ferrovias, embaixadas, assassinatos de diplomatas, enfrentamentos, uma coalização conhecida como Aliança das Oito Nações (Áustria-Hungria, França, Império Alemão, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos da América) derrotou definitivamente os insurgentes.
Hoje os boxers são retratados nos livros didáticos da República Popular da China como camponeses patriotas e antiimperialistas.
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